segunda-feira, 30 de novembro de 2009

Nem namorar, nem ficar - O negócio é pegar!


Jovens sergipanos já são adeptos da “peguetagem”

Publicado no Site Jornal da Cidade (Sergipe) em 29/11/2009. Texto: Moema Lopes / Foto: Divulgação

Namorar e ficar já são “velhos” conhecidos da garotada. A nova moda agora é “pegar” e não se apegar. Uma nova categoria de relacionamento entre os adolescentes, denominada com o termo “peguete”, que já virou moda nos Estados do Rio de Janeiro e São Paulo, e já chegou a Aracaju. “A gente está em uma festa, ‘pega’ uma aqui e outra ali e depois mais outra, sem nenhum compromisso e, sem elas saberem, é claro”, explicou o adolescente de 14 anos.

Segundo ele, a “peguete”, ou o “peguete” são as pessoas que eles ficaram somente uma vez. Mas, quem costuma praticar esse tipo de relacionamento é conhecido entre o grupo, como o “pegador”. O adolescente explicou ainda que a “peguete” pode até, futuramente, transformar-se em uma amiga, “ficante”, ou quem sabe namorada. “Vai depender se a gente continuar encontrando com a pessoa, em festas, shoppings, ou outras reuniões de jovens”, acrescentou a adolescente de apenas 13 anos, que também já aderiu à moda.

Uma estudante de 14 anos do mesmo grupo, que foi encontrada em um dos shoppings de Aracaju na fila do cinema, disse que já beijou uma média de 20 peguetes. “Acho que, na verdade, a moda agora é beijar. E, quanto mais a gente beijar, melhor”, disse ela. Segundo a psicóloga Edel Ferreira, a nova categoria de relacionamento pode gerar prejuízos futuros para o adolescente.

“Porque ele pode acabar encontrando dificuldades para estabelecer vínculos em relacionamentos futuros, quando estiver adulto. É uma consequência ruim. A vida deles pode ficar difícil com relação a relacionamentos”, explicou. O prejuízo se dá porque o adolescente que só quer “peguetes”, não mantém contato, nem estabelece vínculo com o outro. O computador e o fácil acesso aos conteúdos midiáticos das novelas dirigidas ao público jovem são grandes influentes para o novo tipo de relacionamento. “As novelas dirigidas aos jovens mostram ‘todo mundo ficando com todo mundo’, naturalmente, como se não tivesse nenhuma consequência ruim”, ressaltou.

A psicóloga esclareceu ainda que os jovens de hoje estão muito ligados ao computador. Influenciados pelos conteúdos que circulam na internet, eles acabam não experimentando outros tipos de relacionamentos, a exemplo do velho conhecido namoro.

“Como ele não experimentou, não sabe construir um relacionamento. Não arrisca. Não desafia esse potencial que ele pode desenvolver e pode acabar frustrado”, explicou. Edel Ferreira fez um alerta aos pais. Segundo ela, o comportamento do adolescente depende muito das orientações que ele recebe da família. Então, é preciso que os pais prestem mais atenção aos filhos e dediquem mais seu tempo para eles.

“A vida toda, todo mundo sempre trabalhou e sempre teve condições de dar atenção aos filhos. Sempre existiu um espaço dedicado a eles. Hoje em dia, quando não estão trabalhando, o tempo que eles têm de sobra, vão para a academia, para um barzinho, saem com amigos e ficam sem tempo para os filhos”, afirmou, lembrando que atualmente, os pais também costumam viciar os filhos em vídeos e internet. “Eles têm que levar as crianças para praticarem atividades ao ar livre”, completou. A dica da psicóloga para os pais “ocupados demais” é que se não tem jeito para dedicar um tempo para dar mais atenção aos filhos, “que pelo menos orientem os adolescentes sobre a necessidade de viver com as pessoas porque a sociedade é feita disso e não de máquinas”, ressaltou.

FONTE: Jornal da Cidade


NOTA: Esse tipo de relacionamento sem compromisso cresceu e atingiu o topo. Agora vai passar a ter outros nomes conforme mudam as safras (gerações) de adolescentes (não dá nem pra chamar de geração, pois tudo é muito rápido hoje em dia). Junto com os nomes mudarão a intensidade como essas coisas são praticadas. Cada vez pior. É necessário destacar que os adolescentes não são os grandes culpados ou vilões nessa história. Como a autora destacou muito bem, os pais são os grandes responsáveis por orientar e suprir as carências dos jovens e ajudá-los a viver longe desses relacionamentos descartáveis que, com certeza, afetarão o futuro dessa geração. É hora de agir. Se como pais tomarmos atalhos na educação dos nossos filhos, colheremos tristes consequências em nosso lar. O caminho mais curto é dar tudo o que o filho pede ou a tendência obriga a dar, como muitos canais de TV, Internet e "amizades" (tudo isso sem supervisão dos pais). O caminho mais longo é passar tempo com os filhos e saber o que está acontecendo no mundo deles. Tempo é dinheiro como se diz, e nesse caso também é verdade. Se você gastar tempo com seu filho hoje vai evitar gastar com psicólogos, psiquiátas, centros de recuperação de dependentes ou mesmo com um funeral precoce amanhã. Filhos precisam de carinho e atenção. Eles não sabem disso. São os pais que precisam agir e suprir essa carência. Esse é o nosso desafio, mas é possível vencê-lo!

(Hadson Araújo)


NOTA: Geração - s.f. Função pela qual os seres organizados se reproduzem. / Série de organismos semelhantes que se originam uns dos outros. / Linhagem, ascendência, genealogia. / Espaço de tempo que separa cada grau de filiação: cada século compreende cerca de três gerações. / Qualquer fase necessária para manter a sobrevivência de uma espécie. Uma etapa da descendência natural deve ser seguida por outra. Por exemplo, os pais representam uma geração, os filhos representam a geração seguinte. Considera-se como período de tempo de cada geração humana cerca de 25 anos. / (Fonte: Dicionário do Aurélio)


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